A subversão do espírito de Natal
Os ornamentos, enfeites e luzes foram colocados nas ruas e nos lares, tal como nas lojas que se apresentam recheadas e cuidadosamente adornadas com a temática da época; os ruídos e murmúrios dos espaços públicos e comerciais são abafados pela música alusiva a esta quadra; os anúncios inundam os meios de comunicação social sendo veiculados em todos os suportes possíveis; promovem-se peditórios e eventos com fins de solidariedade; lançam-se novos produtos e criam-se campanhas exclusivas; as indústrias livreiras, cinematográficas e discográficas desenvolvem produtos especiais para a temporada.
Os altos funcionários da nação são presenteados por indivíduos que esperam auferir favores, cunhas e regalias. Os patrões procuram tranquilizar a consciência oferecendo alguma coisa aos empregados.
As crianças ricas pedem ou exigem todos os brinquedos que vêem na publicidade, enquanto que as pobres e remediadas sonham vir a tê-los. Contam-se os familiares, os amigos e até os inimigos a quem devemos mimar com uma lembrança. Os mais precavidos começam a fazer as compras meses antes, assim a “dolorosa” parece que dói menos, os restantes procuram esticar o orçamento de Dezembro, o 13.º mês ou o crédito, numa insana demanda em lojas, hipermercados e centros comerciais.
Tudo se exalta: o amor, a amizade, a sinceridade pelos que se prezam; a solidariedade, o altruísmo pelos que precisam; o cinismo, o fingimento, o contragosto pelos indesejados.
São organizados almoços e jantares nas empresas, festas nas escolas e instituições. Multiplicam-se as animações de rua, os homens mascarados de pai natal, presépios e presépios vivos e árvores de natal. É montada a cidade do natal e a árvore que parece ser maior do que as outras todas. Presentes, lembranças, prendas, postais, cartas, encomendas, telefonemas e finalmente os Sms’s a entupirem a rede móvel.
Planeia-se a noite da consoada e o dia seguinte, e quando a família é grande elege-se a casa onde serão passadas as horas festivas. Os que podem deixam as tarefas para os empregados ou criados, os assim-assim contratam um catering os outros lançam-se numa azáfama extenuante que se inicia com a escolha da ementa e compra dos ingredientes, passando pela confecção das iguarias, até à arrumação da casa, à decoração e preparação da mesa, ao servir os comensais e finalmente voltar a limpar e arrumar tudo, sempre com um grande sorriso e sem esboçar qualquer manifestação de cansaço.
Quando chega a hora trocam-se os presentes: toma lá, dá cá! Nada faz falta, quase tudo é supérfluo, mas tinha de ser comprado e oferecido! No final colocam-se os papéis, a fitas e os laços no lixo e junta-se o monte dos presentes ainda sem destino a um canto. Procura-se então arranjar fôlego para as doze passas da semana seguinte.
Fica por lembrar o verdadeiro sentido do Natal!
Foram oferecidas inutilidades a quem tudo tem e o dinheiro dispendido poderia ter sido usado para auxiliar aqueles que não ousam a sonhar com o Natal.
Não é a obrigação de oferecer presentes aos familiares e amigos que nos torna solidários e generosos.
Mais uma vez o saco do pai natal repleto de inutilidades que invocam a frivolidade, o consumismo e a ostentação esmaga a mensagem de amor, alegria e de esperança contida em cada presépio. Afinal será que a humanidade ainda se lembra que o Natal é a comemoração do nascimento de Jesus?
Imagem extraída do banco de imagens do Google.
6 comentários:
Caro Bloguista
Quando comecei a ler o seu artigo pensei fazer a pergunta que faz no final, os meus parabéns por ela e atrevo-me a fazer outra: porque motivo o comércio mascarou a imagem do Bispo S.Nicolau, de velho vestido de vermelho e longas barbas?
Esta transcendental figura da Igreja merecia ser tratada com mais carinho, uma vez que passou a vida a colocar comida nas portas das famílias pobres pela calada da noite, para que ninguém soubesse quem era.
Esta humildade sim é a verdadeira Caridade ensinada por Jesus, como lamento terem distorcido por conveniência de Marketing a imagem desta figura ímpar e o espírito do verdadeiro Natal de Jesus.
Mirrósa
Cara Mirrósa
Agradecemos o seu comentário e a preciosa informação que aqui nos deixa a respeito do São Nicolau.
viva o consumismo!
o consumo faz mover o mundo.
força Pai Natal.
Cinha Caneças
Querida Cinha Caneças
Em breve será publicado um post do seu agrado - dedicado aos consumistas, por isso fica o convite para cá voltar!
Cinha Cane�as
O consumismo faz mover o mundo, estou de acordo consigo, mas "n�o devemos estender o p� mais do que o len�ol," o consumismo leva muita gente � fal�ncia, devemos consumir o que nos faz falta, os nossos caixotes do lixo est�o cheios de comida estragada enquanto temos milhares de compatriotas nossos com fome.
Vejo por a� muita gente a comprar coisas desnecess�rias, as quais acabam podres no lixo.
Jonas
Lourinha não ligue às tias consumistas (apesar de eu saber que elas têm coração mole e são muito boazinhas).
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